É possível notar desespero dos profissionais da educação no mercado de trabalho através de um simples exemplo.
Recentemente, foi aberto um concurso para a Prefeitura de São José dos Campos, interior de São Paulo.
Foram oferecidas 46 vagas para professores. O sonho de se estabilizar e ter um emprego seguro tomou conta de todos.
INSCRIÇÕES ABERTAS! Para fazer a prova, o candidato teria que pagar uma taxa de 70 reais.
A hora/aula, no edital, foi fixada em R$12,74. Para quem é da área docente, consegue visualizar o que é lecionar a este preço. Uma desvalorização nítida para quem será responsável pela educação de centenas de alunos. Neste caso, se o professor trabalhar 8 horas por dia (ou 40 horas por semana) ele receberá 500 reais para dar 40 aulas.
Mesmo com estes três elementos: taxa de inscrição, poucas vagas e salário de fome, a Prefeitura contabilizou cerca de 14.500 inscritos.
Caminhando pelas ruas de São José dos Campos, vemos bancas com apostilas para o concurso, notícias otimistas em jornais… como a cidade está crescendo…
Se cada inscrição custou 70 reais, entrou no cofre da Prefeitura e de sua contratada, a Vunesp, mais de um milhão de reais. (R$1.015.000,00)
O filme Tropa de Elite 2, de José Padilha, toma forma neste contexto, onde é citado que “o sistema não trabalha pra resolver os problemas da sociedade, o sistema trabalha pra resolver os problemas do sistema”.
No Facebook, no grupo Professores de São José dos Campos, com mais de mil membros, a insatisfação é nítida.
A professora Fernanda, por exemplo, destaca seu descontentamento com o valor pago: “Descaso com os professores (…) Espero q realmente quem se inscreveu, esteja capacitado para exercer essa profissão, que hoje, é só por amor mesmo”. Já a profª Lina aponta sua revolta contra a Prefeitura, “Fábrica de Multas e Fábrica de Concursos”.
Enfim, nós professores somos fortes…somos a Resistência.
#eusouprofessor
por Francisco Arquer Thomé – professor